terça-feira, 3 de novembro de 2015

O PODER DO ÒRÍSÁ ÈSÚ



       Sobre o Òrìsà Èsú, além de suas atribuições mais conhecidas, embrenhamo-nos em uma de suas mais complexas e poderosas qualidades – como O Guardião do Àse – recebeu esta força neutra de Olódùmarè, confirmando que Èsú de mau ..., nada tem ...,mas ao contrário, apenas age com justiça.
     Suas ações com os seres humanos são altamente benéficas, auxiliadoras e produtivas para os que fazem uso adequado de seu livre-arbítrio e que, com retidão, se portam de maneira condigna para com os princípios e padrões morais e religiosos; sejam em relação a si mesmo, sejam em relação ao meio ambiente em que vive. 
       Nessa religião, não existe diabo ou Divindade encarregada unicamente de coisas ruins, como ocorre no cristianismo, segundo o qual tudo o que acontece de errado é culpa de um único ser que foi expulso por Deus do Paraíso, "Lúcifer".
       Na mitologia yorubá, porém, cada uma das Divindades tem sua porção positiva e negativa assim como o próprio ser humano. De caráter irascível, Èsú se satisfaz em provocar disputas e trazer calamidades para as pessoas que estão em falta com ele; no entanto, como tudo no universo possui de um modo geral dois lados, positivo  e negativo, Èsú também funciona de forma positiva quando é bem tratado, pois o seu caráter lembra o do ser humano, que é, de um modo geral, mutante em suas ações e atitudes.
    Astucioso, vaidoso, culto e dono de grande sabedoria, grande conhecedor da natureza humana e dos assuntos mundanos, daí a assimilação de ÈSÚ com o diabo pelos primeiros missionários que, assustados, dele fizeram o símbolo da maldade e do ódio. Conceitos cristãos como os de alma, céu, inferno e purgatório encontraram terreno fértil para se propagar nas já contaminadas tradições yorubá e suas descendências, sejam por missionários, sejam por agentes governamentais e sejam por autores pertencentes a outras culturas e/ou crenças que registraram as tradições, os costumes e escritos, interpretados pela ótica do colonizador ou opressor. E o pior, os registros decorrentes dessas interpretações (que até hoje continuam) criaram "falsas" tradições, que se tornaram "verdades literárias inquestionáveis" e vitimam a religião yorubá até hoje.
 O que podemos dizer de Èsú, é que foi ele quem recebeu o próprio Àse de Olódùmarè. Ele recebe o Asé, faz acontecer, e conduz o retorno. Tudo isso é Èsú – Olódùmarè assim determinou. Será que ele é tão terrível e mau quanto querem dele fazer ? Como pode ser tão temível se é uma criação de Deus?
Quando narramos o Odù Iwori-Ofun, vimos que simplesmente Èsú cumpre seus desígnios de forma imparcial.
 Èsú é ativador de nossos merecimentos. É o que propicia nossas vitórias e nossas derrotas, pois nem sempre sabemos lidar com a vaidade, o ego, o egoísmo e a soberba que aflora de forma acentuada quando se conquista algo ou alguém. Èsú é quem abre nossos caminhos, mas também fecha e acorrenta nossa vida quando nos encontramos desequilibrados e viciados numa maldade e numa possessão sem fim. Isso é a Lei e assim é Èsú !
Ele é a força que atua sobre o negativo de qualquer pessoa tentando equilibrar essa ação. É aquele que faz o erro virar acerto e o acerto virar o erro. É aquele que escreve reto em linhas tortas, escreve torto em linhas retas e escreve torto em linhas tortas.
Èsú não faz, não participa e não orienta nenhum tipo de magia negativa. Ele é Mago Realizador por excelência, e conhece absolutamente tudo sobre magia. No entanto, conhece também a Lei Divina e a cumpre com perfeição a cada momento. Magia negativa é ação do homem que deseja mais do que pode, deve e merece. Èsú dá e faz somente aquilo que for de merecimento e de necessidade para o Ser, segundo a Lei Divina.
EXU, palavra Yorubá (Èsú) pode ser traduzida como “esfera” representando o infinito, o que não tem começo nem fim e que está em todos os lugares, no Tudo e no Nada.
Ele é  o Senhor dos caminhos, das encruzilhadas, da entrada e da saída. É o movimento inicial e dinâmico que leva ao crescimento e à multiplicação. São energias iluminadas que, de forma muito peculiar, conhecem nosso íntimo e nossa conduta muito mais que nós mesmos.
    Algumas representações são: o FALO – representa a fertilidade da vida, o poder sexual, reprodutivo e gerativo. Nas “religiões da natureza”, o sexo é um ato sagrado. E se ele é sagrado, seus frutos também são. A noção de pecado original seria u
ma aberração nesse sistema religioso; além disso, um dos ideais do estilo de vida yorubana era ter uma família numerosa e, portanto, o culto a  Èṣù fazia-se essencial.
TRIDENTE – tradicionalmente divino para várias culturas e deuses como, por exemplo, Netuno, Posseidon, Shiva. Tridente representa a trindade; o alto, o meio e o embaixo; Céu, Mar e Terra; Luz, sombra e trevas;
Conselhos de Èsú: Um alerta:
 - O projeto de vida que desenvolves neste plano terreno é o espelho daquilo que te aguarda do outro lado.
- Sejas fiel aos bons costumes e às boas ações que te aguardo para um plano de evolução.
- Sejas maldoso e pústula que também te aguardarei para um plano destinado a ti.
- Sois o que pensas e mudas o que queres, abra teu olho e o teu coração enquanto é tempo e penses bem antes de usar o nome ÈSÚ, pois ai daquele que denigre e usa meu nome pejorativamente e em vão.
- A ajuda de uma Divindade depende de você, do conhecimento, do aperfeiçoamento de sua mediunidade, para isso é preciso estudar, conhecer os mistérios divinos, saber lidar com eles e só assim seremos úteis a Deus, aos Òrísá  aos nossos semelhantes e a nós mesmos.
Fontes”: 
Fálàdé, Fásínà. Ifá: the key to it’s understanding, Lynwood, Àrà Ifá Pub., 1997.
  Abimbola, Wande. Ifá, an exposition of Ifá Literary Corpus. Ibadan, Oxford Uni Press, 1976.
  Bascom, William. Ifa Divination. Indiana, Indiana Univ. Press, 1969.
FERREIRA, Gilberto Antonio de Exu. Exu, a pedra primordial da teologia ioruba FONTENELLE, Aluizio. Exu. Rio de Janeiro, Espiritualista, s.d.
FREITAS, João de. Exu na Umbanda. Rio de Janeiro: Editora Espiritualista.
MAGGIE, Ivonne. Medo do feitiço: relações entre magia e poder no Brasil. Rio de Janeiro, Arquivo Nacional.
 (Barretti Fº, 2010, pp. 132-133    
TRINDADE, Liana. Exu, poder e perigo. São Paulo, Ícone.
                  (Sociedade Espiritualista Edmundo Rodrigues Ferro.
Gêneses Divina
Autoria do Mestre Rubens Saraceni – Ed. Madras
 Adaptada por IYANIFÀ Gbemi Sola

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