Sobre o Òrìsà Èsú, além de suas
atribuições mais conhecidas, embrenhamo-nos em uma de suas mais complexas e
poderosas qualidades – como O
Guardião do Àse – recebeu esta
força neutra de Olódùmarè,
confirmando que Èsú de mau
..., nada tem ...,mas ao contrário, apenas age com justiça.
Suas ações com os seres humanos são
altamente benéficas, auxiliadoras e produtivas para os que fazem uso
adequado de seu livre-arbítrio e que, com retidão, se portam de maneira
condigna para com os princípios e padrões morais e religiosos; sejam em relação
a si mesmo, sejam em relação ao meio ambiente em que vive.
Nessa religião, não
existe diabo ou Divindade encarregada unicamente de coisas ruins, como ocorre
no cristianismo, segundo o qual tudo o que acontece de errado é culpa de um único
ser que foi expulso por Deus do Paraíso, "Lúcifer".
Na mitologia yorubá, porém, cada uma das Divindades tem
sua porção positiva e negativa assim como o próprio ser humano. De caráter
irascível, Èsú se satisfaz em provocar disputas e trazer calamidades para as
pessoas que estão em falta com ele; no entanto, como tudo no universo possui de um modo geral dois lados, positivo e negativo, Èsú também funciona de forma
positiva quando é bem tratado, pois o seu caráter lembra o do ser humano, que
é, de um modo geral, mutante em suas ações e atitudes.
Astucioso, vaidoso, culto e dono de grande sabedoria,
grande conhecedor da natureza humana e dos assuntos mundanos, daí a assimilação
de ÈSÚ com o diabo pelos primeiros missionários que, assustados, dele fizeram o
símbolo da maldade e do ódio. Conceitos
cristãos como os de alma, céu, inferno e purgatório encontraram terreno fértil
para se propagar nas já contaminadas tradições yorubá e suas descendências,
sejam por missionários, sejam por agentes governamentais e sejam por autores
pertencentes a outras culturas e/ou crenças que registraram as tradições, os
costumes e escritos, interpretados pela ótica do colonizador ou opressor. E o
pior, os registros decorrentes dessas interpretações (que até hoje continuam)
criaram "falsas" tradições, que se tornaram "verdades literárias
inquestionáveis" e vitimam a religião yorubá até hoje.
O que
podemos dizer de Èsú,
é que foi ele quem recebeu o próprio Àse de Olódùmarè. Ele
recebe o Asé, faz acontecer, e conduz o retorno.
Tudo isso é Èsú – Olódùmarè assim
determinou. Será que ele é tão terrível e mau quanto querem dele fazer ? Como
pode ser tão temível se é uma criação de Deus?
Quando narramos o Odù Iwori-Ofun, vimos que
simplesmente Èsú cumpre seus desígnios de forma
imparcial.
Èsú é ativador de nossos merecimentos. É o
que propicia nossas vitórias e nossas derrotas, pois nem sempre sabemos lidar
com a vaidade, o ego, o egoísmo e a soberba que aflora de forma acentuada
quando se conquista algo ou alguém. Èsú é
quem abre nossos caminhos, mas também fecha e acorrenta nossa vida quando nos
encontramos desequilibrados e viciados numa maldade e numa possessão sem fim.
Isso é a Lei e assim é Èsú
!
Ele é a força que atua sobre o negativo de qualquer pessoa
tentando equilibrar essa ação. É aquele que faz o erro virar acerto e o acerto virar o erro.
É aquele que escreve reto em linhas tortas, escreve torto em linhas retas e
escreve torto em linhas tortas.
Èsú não faz, não participa e não orienta
nenhum tipo de magia negativa. Ele é Mago Realizador por excelência, e conhece
absolutamente tudo sobre magia. No entanto, conhece também a Lei Divina e a
cumpre com perfeição a cada momento. Magia negativa é ação do homem que deseja
mais do que pode, deve e merece. Èsú dá
e faz somente aquilo que for de merecimento e de necessidade para o Ser,
segundo a Lei Divina.
EXU,
palavra Yorubá (Èsú) pode ser traduzida como “esfera” representando o infinito,
o que não tem começo nem fim e que está em todos os lugares, no Tudo e no Nada.
Ele
é o Senhor dos caminhos, das encruzilhadas, da entrada e da saída.
É o movimento inicial e dinâmico que leva ao crescimento e à multiplicação. São
energias iluminadas que, de forma muito peculiar, conhecem nosso íntimo e nossa
conduta muito mais que nós mesmos.
Algumas
representações são: o FALO – representa a fertilidade da vida, o
poder sexual, reprodutivo e gerativo. Nas “religiões da natureza”, o sexo é um
ato sagrado. E se ele é sagrado, seus frutos também são. A noção de pecado
original seria u
ma aberração nesse sistema religioso; além disso, um dos ideais do estilo de vida yorubana era ter uma família numerosa e, portanto, o culto a Èṣù fazia-se essencial.
ma aberração nesse sistema religioso; além disso, um dos ideais do estilo de vida yorubana era ter uma família numerosa e, portanto, o culto a Èṣù fazia-se essencial.
TRIDENTE – tradicionalmente divino para várias
culturas e deuses como, por exemplo, Netuno, Posseidon, Shiva. Tridente
representa a trindade; o alto, o meio e o embaixo; Céu, Mar e Terra; Luz,
sombra e trevas;
Conselhos
de Èsú: Um alerta:
- O projeto de vida que desenvolves neste
plano terreno é o espelho daquilo que te aguarda do outro lado.
-
Sejas fiel aos bons costumes e às boas ações que te aguardo para um plano de
evolução.
-
Sejas maldoso e pústula que também te aguardarei para um plano destinado a ti.
- Sois o
que pensas e mudas o que queres, abra teu olho e o teu coração enquanto é tempo
e penses bem antes de usar o nome ÈSÚ, pois ai daquele que denigre e usa meu
nome pejorativamente e em vão.
- A ajuda de uma Divindade depende de
você, do conhecimento, do aperfeiçoamento de sua mediunidade, para isso é
preciso estudar, conhecer os mistérios divinos, saber lidar com eles e só assim
seremos úteis a Deus, aos Òrísá aos nossos
semelhantes e a nós mesmos.
”
Fontes”:
Fálàdé, Fásínà. Ifá:
the key to it’s understanding, Lynwood, Àrà Ifá Pub., 1997.
Abimbola, Wande. Ifá,
an exposition of Ifá Literary Corpus. Ibadan, Oxford Uni Press, 1976.
Bascom, William. Ifa
Divination. Indiana, Indiana Univ. Press, 1969.
FERREIRA, Gilberto Antonio de Exu. Exu, a pedra primordial
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Rio de Janeiro, Espiritualista, s.d.
FREITAS, João de. Exu
na Umbanda. Rio de Janeiro: Editora Espiritualista.
MAGGIE, Ivonne. Medo
do feitiço: relações entre magia e poder no Brasil. Rio de Janeiro, Arquivo
Nacional.
(Barretti
Fº, 2010, pp. 132-133 TRINDADE, Liana. Exu, poder e perigo. São Paulo, Ícone.
(Sociedade Espiritualista
Edmundo Rodrigues Ferro.
Gêneses Divina
Autoria do Mestre Rubens Saraceni – Ed. Madras
Autoria do Mestre Rubens Saraceni – Ed. Madras
Adaptada por
IYANIFÀ Gbemi Sola